Jorge Solano

Jorge Solano

Jorge Solano nasceu em 1947, no Espírito Santo. Fez teologia no Rio de Janeiro e exerceu o sacerdócio por quase dez anos. Cursou filosofia e é mestre em estudos literários.  Publicou pela ediora Cândida os livros Visões da ponte ao meio-dia, Quase 7 contos e Biografia de um tatu-bola. Além dos livros impressos, o autor disponibiliza textos regulamente em sua página pessoal, o site http://www.publicanto.com.br, onde é possível ler ensaios e estudos literários e filosóficos.

Títulos

7 Quase Contos 7 quase contos

Ano: 2014

A palavra é provavelmente o tema mais frequente deste livro. Uma constante ironia nem sempre fina mas infalivelmente certeira induz o leitor a um permanente estado de atenção. O estilo tem um toque de informalidade aliada a um vocabulário rico que torna a intervenção do narrador uma parte importante da narrativa. Os diálogos interiores misturam-se a tal ponto que autor e leitor não raro trocam de lugar. Da mesma forma, o cômico e o trágico conjugam-se e se interpenetram. Os temas, por sua vez, aproximam-se e se complementam. Para quem comenta um livro, é sempre tentador encurtar o caminho com exemplificações das qualidades apontadas. Então, em desrespeito a um dos agudos comentários de Jorge Solano, segundo o qual exemplos prejudicam a teoria, seguem-se algumas observações que certamente hão de ser prejudiciais à interpretação.

O primeiro conto, O encomiasta, mostra a descoberta do poder da linguagem. O protagonista especializa-se na arte do discurso e faz dela uma obsessão, enredando-se na ditadura da palavra. A partir daí, a própria vida assume papel secundário. O sério jogo verbal prossegue em Jorge e as palavras, cujo título evoca a tensão autor\personagem, desembocando na irrealizada tarefa de fazer do verbo a carne. E é no conto central – do ponto de vista meramente ordinal – que se atinge o ápice de tensão, quando o criador se mistura de vez à criatura. Não por acaso intitulado Eu quase, o conto traz a velha mas nunca desgastada oposição entre ficção e realidade. A sensação de incompletude então se exacerba em sua melancolia. Como bônus, entre uma ironia e outra, referências literárias, filosóficas e religiosas dão um sabor rico a histórias que por vezes têm um leve sabor de crônica. Trata-se de uma obra a transitar sempre em alguma fronteira mas que mantém com firmeza seu questionamento pelas possibilidades da vida humana.

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Biografia de um Tatu-bola Biografia de um tatu-bola

Ano: 2019

Terceiro livro publicado pelo escritor Jorge Solano. Em seu primeiro livro infantil, autor conta as divertidas peripécias de um pequeno tatu-bola. A voz do narrador é uma atração à parte, contando muito informalmente como aprendeu o chamado “tatuês” assim conheceu a vida de seu pequeno biografado. O texto combina de forma muito criativa informações sobre a vida animal com a narrativa ficcional. As ilustrações são da artista Rossana Cordeiro.

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Visões da Ponte ao Meio-dia Visões da ponte ao meio-dia

Curtos e densos, os poemas de Visões da ponte ao meio-dia contam uma história por meio de histórias, em uma linguagem concisa e repleta de sons, imagens e significados. As vivas cores do meio-dia tropical são retratadas tanto no que elas têm de estimulante quanto de opressivo. E com que intensidade podem ser tanto uma quanto outra no alto de uma ponte do porte como a que liga Vila Velha a Vitória, cidades onde o autor mora e trabalha, respectivamente!

O poeta se aproveitou de um lugar privilegiado para a imaginação do passado e observação do presente. Dali se vê o ponto onde os portugueses desembarcaram  e fizeram as primeiras construções no Espírito Santo. Dali se vê o Convento da Penha, grande emblema do catolicismo tão influente na história brasileira. Em dramático contraste, dali se vê também o Porto de Tubarão, cuja trajetória é uma ilustração da história brasileira recente. A antiga CST – hoje ArcelorMittal –  é parte da paisagem e ilustra, através de seu passado estatal e seu presente como indústria integrante de um grupo estrangeiro, os movimentos imprevisíveis da economia capitalista. Ainda como parte desse contraste, são avistados dali os inúmeros edifícios erguidos de forma febril nos últimos anos, tanto no lado de Vitória quanto no de Vila Velha.

Concebida a partir desse cenário, a poesia de Jorge Solano mostra em grande estilo como se pode extrair poesia de nosso cotidiano. É um bom exemplo de como não se anestesiar diante do espetáculo do mundo.

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