Quando amo

Pode a canção, por trilha aventureira, acolher o transeunte amor romântico e o (en)levar até o território do bem-querer social, até a comunidade da fraternidade universal?
Acredito que sim.
Até porque esses sentimentos, ao fim, se irmanam: o amor íntimo (solitário) e o amor coletivo (solidário).
Quando improvisava cantando (amiúde) Quando amo, esses versos não tinham qualquer registro literário: eles eram, então, tão somente (naquele repente) uma cantoria pra uma paixão erradia.
É o que eu cantava pela estrada.
Mas quando tal arremedo de balada apaixonada chegou ao papel, deu as mãos ao sentimento do mundo e caminharam juntos para o reduto (franciscano) do comum.
Meu parceiro, Élcio Bortolon (que não sabia da melodia que embalara essa cria) achou, ao violão, uma trilha (talvez) roqueira que conduziu, em comunhão, poema e canção.
Considerando que ela não foi (ainda) levada a estúdio, você vai ter aqui, hoje, só a letra de Quando amo.
Portanto, mais um episódio da série Letra por letra (oferecido pela nossa querida Cândida)sem áudio.

Quando amo
(com Élcio Bortolon)

Quando amo eu corro sem correr perigo
pois sigo a levada do meu coração;
quando amo eu voo em muitos sentidos
nas vias do vento, no véu da canção.

Pois se amo, eu amo como ama o pássaro:
pela estrada azul, solto na amplidão;
pois se amo, eu amo como ama o rio,
em doce estribilho: água, pedra e chão.

Quando amo eu salto muralhas, fronteiras
e finco bandeiras e conquisto irmãos;
quando amo eu luto em todas as frentes:
tenho a alma quente e um sonho nas mãos.

Pois se amo, eu amo como ama o pássaro
pela estrada azul, solto na amplidão;
pois se amo, eu amo como ama o rio,
em doce estribilho: água, pedra e chão.