Na primeira quinzena de junho de 2014, enquanto todos nós nos preparávamos emocionalmente para a Copa das Copas no Brasil – você ainda se lembra? – aproveitei as minhas férias do trabalho, para dar uma volta de bicicleta pelo Arco Norte do nosso estado.
Saí de Vila Velha na manhã da sexta-feira, 30 de maio.
A minha bicicleta era uma mountain bike da marca Soul, preta, modelo Black Rain: uma bicicleta simples – de preço quase popular – com 21 combinações de marcha.
Simples, sim, mas muito simpática – diria até que sedutora – e confortável a minha magrela.
Basta dizer que em sua companhia eu já tinha feito um ano antes – em maio de 2013, também de férias – uma peripécia ciclística entre o litoral e as montanhas do sul capixaba: saí de Vila Velha e desci pela borda do Atlântico até a meridional Praia das Neves; invadi o espaço terrestre do estado do Rio de Janeiro e subi margeando o Rio Itabapoana da sua foz até as cabeceiras – perto do cocuruto do Caparaó; contornei a corcova mais proeminente da Serra, meio que derrapando por perambeiras mineiras, e desci pelo vale do Rio Itapemirim, das proximidades da nascente sul até sua barra em… Barra do Itapemirim.
Tínhamos, portanto, eu e ela, magrela, uma relação de cumplicidade, decorrente dessa nossa convivência que, se não foi longa no tempo, teve o seu rastro gravado extensamente na geografia e na topografia capixabas, com todos os percalços, dificuldades e conquistas que acompanham essas aventuras, grosso modo, cicloturísticas.
Este trajeto de 2014 – que estou propondo contar aqui – seria um pouco mais longo do que os 931 km percorridos no ano anterior.
O roteiro que planejei pelo Arco Norte se estenderia, segundo meus cálculos – que depois se confirmaram – por pouco mais de 1.000 km.
Considerando que no circuito cumprido em 2013, eu pedalara por dez dias – uma média, portanto, de 93,1 km por dia – previ para a viagem de agora o dobro do prazo.
O dobro?!
Sim, o dobro: um pouco porque o percurso seria maior, mas principalmente porque me propus desta vez a ser menos apressadinho e, assim, apreciar com vagar as belezas do nosso estado.
Já pensando em depois – agora! – relatar semanalmente, em texto pretensamente literário, o que a minha verve raquítica conseguisse historiar daquela viagem.
Bora ver?!
Continua no próximo domingo
Nota: As crônicas ciclisticas publicadas a partir da próximo domingo foram anteriormente publicadas no site Estação Capixaba e voltam agora com algumas alterações no site da editora Cândida.
Gilson Soares é escritor. Publicou recentemente os dois livros de poemas Poesia de bolso: pequenos poemas pedestres e 55. Este último é uma coletânea de poemas selecionados de livros anteriores já esgotados.