Venha cantar

Letra por letra só se arvorou a reivindicar um espaço semanal aqui no site da nossa Editora, quando (precário letrista) fui convidado a participar de um projeto de criação musical no Sítio Alegria Alegria.
Esse tal projeto, alimentado pela benquerença que ali viceja, acabou crescendo mais do que o previsto e virou álbum: Calango no Congo (que chegará às plataformas digitais logo, logo).
Com algumas das letras que compõem o repertório do Calango, começamos (eu e a Cândida) esse desafio editorial: a cada domingo postamos aqui um dos textos que tenho escrito com a (ambiciosa) intenção de que se tornem canção.
Despontaram daí, além do repertório de Calango, letras de canções que já estão (muito) bem arranjadas, interpretadas e gravadas;
publicamos também outras que, embora concluídas, não receberam (ainda) o necessário tratamento fonográfico; além de letras que permanecem esperando (quietas) a chegada do seu par musical.
Mas hoje temos uma novidade: uma canção em andamento.
Explico: há dois (ou três) dias entreguei uma cópia dessa letra, Venha cantar, pra um violonista que conheço desde antanho.
Ontem mesmo (ou anteontem) ele, o criativo amigo (cujo nome ainda não digo) se apressou em me informar que a canção já começou a decolar.
Assim, talvez hoje ainda (ou amanhã) quando você estiver lendo este episódio de Letra por letra, eu já estarei ouvindo do meu parceiro oculto, sua resposta musical à provocação literária de Venha cantar.
Há (sonoros) indícios de que vou gostar.


Venha cantar
(canção em andamento)

Resta a saudade, resta o vazio
quarto sombrio
desolação

resta uma réstia de luz deixada
sobre a amurada
da solidão

O tempo rola seu torvelinho
pelos caminhos
que a vida dá

leva a saudade, leva o vazio
desperta um rio
descobre um mar

Tem um sol chegando agora
novo dia em sua mão
esqueça o que foi embora
escreva outra canção

Cante a vida que ela chega
todo dia pra doar
uma canção ela entrega
solte a voz, venha cantar.