Prosa de violeiros

No episódio de hoje de Letra por letra, aqui na casa da Cândida, você vai presenciar (e ouvir!) um acalorado (e poético) debate entre dois violeiros discordantes.
O título (como tudo mais na canção) eu devo ao meu velho parceiro, Marcos Côco: foi ele que propôs a (palavra) prosa.
Eu tinha intitulado Conversa (ou Diálogo, não me lembro) de violeiros.
E ele, cordialmente: Não, meu parceiro. É prosa.
Assim ficou. (com louvor!)
Quanto aos violeiros que digladiavam ali, no território da arte, informo que tal (literário) embate terminou em (musical) empate.
A prova tai.
Você pode ler (e ouvir!).


Prosa de violeiros
(com Marcos Côco)

– Viola é lua cheia
deslizando sobre a mata…
– pra mim ela é lua nova
que nem um fio de prata

– viola é rio pequeno
que desce o vale a cantar
– eu acho que é rio grande
quando se choca com o mar…

– viola é cachaça boa
noite escura lá na roça
– me lembra café bem quente
manhãzinha na palhoça

– viola é menina moça,
donzela… só formosura
– vejo uma mulher adulta
doce, serena, madura

– viola é tudo que chora:
saudade, dor, desalento…
– viola é tudo que canta:
pipa, peão, cata-vento

– viola é cachoeira
rio abaixo, correnteza
– pra mim é lago tranquilo
água dormindo em represa

– amamos a mesma viola,
para que então discordar?
– é verdade meu amigo
(tom menor e sustenido)
a danada aqui está.

Ouça a música: