Nas conversas (seriais) que estamos mantendo aqui nesta cândida varanda (literária) temos falado, em semanas recentes, de violas e de violeiros.
Tanto falado, quanto ouvido.
Vide os Violeiros do Brasil e a Prosa de violeiros dos dois episódios anteriores a este (basta clicar no botão ao final deste texto).
Pois bem, hoje o papo continua em território caipira.
Só que não vai dar pra ouvir: essa é uma daquelas letras que não foram (ainda?) musicadas.
– Que pena.
É o que (talvez) você esteja lamentando antes de ler a pretensa letra.
Caso continue pensando assim, mesmo depois da leitura, ficaremos juntos (eu e você) esperando que algum melodista, que por aqui transite, resolva musicar esses (esforçados) versos.
Quem sabe, né?
Pena
(sem música)
Pena Branca via o tempo, da varanda,
(recordando Xavantinho, então já ido)
e chorava em silêncio a lembrança
do abraço matinal do irmão querido;
com a viola sobre o peito, enlutada,
(e o silêncio da alvorada no terreiro)
Pena, então, improvisava uma toada,
à capela, sem a voz do companheiro:
– Onde anda aquele tempo de estrada
tempo bom (cheio de festa e de alegria):
madrugadas de seresta em voz terçada
com viola e violão rompendo o dia?
– Sigo só, meu mano bom, sem teu abraço
(sem a terna companhia do teu canto):
sem tua mão no meu ombro me embaraço
perco a voz e a viola perde o encanto.