Em A Revolução dos Caranguejos, Duílio Henrique Kuster Cid, vai buscar, em um recorte da história capixaba durante o período da ditadura militar, fatos que expliquem o estado atual das políticas públicas para as artes e a cultura no Espírito Santo e, consequentemente, no país.
A obra é de suma importância para professores, produtores, artistas e aqueles que querem conhecer um pouco mais sobre a visão da administração pública para as artes (em especial as cênicas), uma vez que a historiografia do teatro nacional é circunscrita, geralmente, ao teatro realizado nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, provocando um apagamento de fatos históricos e experiências exitosas ocorridas em outras cidades e regiões do Brasil.
Duílio Henrique Kuster Cid nos apresenta um retrato da produção espírito-santense que, contraditoriamente, teve seu auge na ditadura militar. Após um trabalho arqueológico, o autor nos brinda com uma bibliografia pouco conhecida e uma organização documental preciosa que nos permitem entender o processo personalístico de apoio à cultura praticado não só no Espírito Santo, mas, por analogia, em todo o país.
O livro convida o leitor a analisar as causas e consequências nefastas da ausência de políticas culturais para o Espírito Santo, a burrice da censura e a forte repressão aos artistas durante a ditadura militar; a criação e o desmantelamento sucessivos de órgãos e instituições culturais no país e o baixo investimento em arte e cultura no país.
Para amenizar a dureza do tema, as passagens pela cidade de Vitória de montagens de espetáculos com atores conhecidos e consagrados nacionalmente e o depoimento dos artistas do Espírito Santo, como as de Paulo Autran e Luis Tadeu, a influência do Teatro de Arena, do CPC e do Oficina, além de fatos como o incêndio do futuro teatro da UNE, ilustram o livro e reavivam nossa memória.
Duílio Kuster Cid é natural de Vitória. Mestre em História pela UFES, é professor, historiador, ator e escritor. Teve vários textos premiados, entre eles O sobrado e O canto da crise, dois livros de poemas contemplados respectivamente pela Universidade de Fortaleza e pela Secretaria de Cultura do Espírito Santo. Também teve textos teatrais encenados com patrocínio da Secult-ES, além do livro Revolução de caranguejos, um levantamento histórico do teatro capixaba durante a ditadura militar. Em seu trabalho teatral, além de dramaturgo, Duílio é membro fundador da Folgazões Artes Cênicas, companhia de teatro com destacado papel no Espírito Santo. Publicou recentemente o livro Ayla e Marmelo, uma obra infantojuvenil. Enquanto aguarda a publicação de uma coletânea de peças, trabalha no romance Glauco.
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