Tércio Ribeiro de Moraes iniciou-se cedo na literatura e aos quinze anos já encenara uma peça infantil. Entre os seus inéditos se contam grande número de textos curtos em prosa e uma segunda peça infantil. Mas Tércio foi sobretudo poeta. O grosso de sua produção data do período entre 1972 e 1999, mas os poemas rareiam no novo milênio: o último data de um mês antes de sua morte. Deixou um livro impresso, Poemas terceiros (2001), e mais de uma centena de poemas inéditos, publicados posteriomente. Uma parte está disponível desde 2017 no livro online Talvez e sempre e antes e nunca, iniciativa da Estação Capixaba e Editora Cândida. Nos poemas online, bem como nos poemas impressos do livro Meu olhar ácido e lisérgico, coletânea publicada em forma impressa também pela Editora Cândida e pela Estação Capixaba, transparece, mais do que nos Terceiros, sua dicção esquizofrênica. São poemas literalmente marginais, pois a doença (que o levaria ao suicídio) o pôs à margem da sociedade e, por conseguinte, à margem do convívio social e à margem do amor. Aposentado na década de 80 por invalidez e incapacitado como ser social, o que sobrou de Tércio foi o ser poeta. A poesia se tornará então, para ele, mais que uma razão para viver, um meio de dar sentido e expressão à sua vida e à sua doença. Sua obra poética é, portanto, seu testamento e seu testemunho.
