Ano: 2019
Dentre as várias qualidades do estudo de Inês Aguiar dos Santos Neves, a principal sem dúvida é não parecer um estudo, tal é a forma como envolve o leitor, fazendo-o experimentar uma leitura que foge do estereótipo do texto acadêmico de difícil compreensão.
Como necessária introdução, a estudiosa apresenta uma concisa descrição da gênese e do desenvolvimento do gênero policial, algo de interesse geral, uma vez que a discussão está inserida em um contexto amplo, vista como um produto de uma sociedade e de uma época, o que tem muito a dizer sobre como chegamos ao ponto onde estamos.
Após uma apresentação extensa somente o necessário, segue-se um verdadeiro passeio pela obra de Borges, aproximando-a da literatura policial dentro do que é possível. Nesse percurso, a comunicação entre os trabalhos borgianos e os autores policiais traz à tona textos de variadas vertentes, em um mosaico improvável bem ao gosto do escritor argentino. Ao longo de uma análise cristalina, acessível mesmo a quem foge de termos técnicos, os conceitos vão se apresentando como que por geração espontânea, colocando o leitor dentro de uma discussão instigante sobre um conto que por si só já traz um certa inquietação. Aceitando ou não a tese central, o leitor dificilmente deixará de chegar ao final.
Inês Aguiar dos Santos Neves nasceu em Vitória, ES, em 1972. É licenciada em Letras/Inglês pela UFES e mestre em Estudos Literários pelo Programa de Pós-graduação em Letras da UFES. É professora de inglês no ensino fundamental e de língua e literatura inglesa no ensino superior. Sua pesquisa sobre o conceito de texto encarnado, apresenta um instigante ensaio sobre a literatura policial o uso do conceito em textos tão diferentes quanto o romance policial e o conto O evangelho segundo Marcos, conto de Jorge Luís Borges. Da pesquisa surgiu o livro Borges: literatura policial e o evangelho segundo Marcos.
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