Beira de estrada

Há pouco (no domingo passado) falamos aqui de Vida teimosa, toada estradeira, resgatada do seu esconderijo a tempo de entrar pro repertório de Calango no Congo.
Não é o caso de Beira de estrada.
Esta canção (beiradeira?) é inteiramente de agora e já nasceu prometida ao tal Calango.
É que, levados por esse Projeto, estivemos residentes (e submetidos a consecutivas tarefas de criação musical), eu e meu parceiro, Victor Batista, durante alguns (inspirados) dias, no Sítio Alegria Alegria.
Foi ali, flanando em torno daquelas (altas) escarpas do Caparaó, que começamos, sem pressa, a divagar sobre nossas andanças por este Brasil afora:
Victor, a bordo de sua viola, tem levado (pra todo canto) o seu canto;
eu, gaguejando versos (à capela), vou seguindo no compasso da magrela.
Calango no Congo chegará às (digamos assim:) plataformas fonográficas por volta de maio, mas alguns textos (poesia?) das minhas parcerias, têm se integrado, aqui, a esta série semanal (Letra por letra) sob os cuidados editoriais da Cândida.

Beira de estrada
(com Victor Batista)

Beira de estrada é mato,
beira de estrada é chão,
beira de estrada é rio:
veredas do coração.

Ando por essas beiras
nas fronteiras da aventura.
Carrego algumas bandeiras:
coragem, fé e  ternura.

Vou tecendo meu caminho,
mas sozinho ando não:
trabalho, poesia e vinho
nos campos da comunhão.

Nessas beiras de estrada
namoradas, companheiros,
parceiros de caminhada:
mil sotaques brasileiros.

Beira de estrada é cerrado,
beira de estrada é sertão,
beira de estrada é restinga:
veredas do coração.