Gilson Soares publicou Rosa-dos-ventos (poesia, FCAA/Ufes, Coleção Letras Capixabas, vol 18, 1985), Canção da meia-idade (poesia, Edit, 1997), Minério (poesia, Cousa/Edição do autor, 2014) e Poesia de bolso, pequenos poemas pedestres (poesia, Cândida Editora/Estação Capixaba, 2017). Tem poemas incluídos em Daqui Mesmo – 34 poetas, seleção de Reinaldo Santos Neves, suplemento especial Nosso Livro, jornal A Gazeta, 1995. Como letrista de música, já foi premiado em alguns festivais de música no Espírito Santo. É um dos criadores e organizadores do Festival Sérgio Sampaio, que, em 2018, chegou à sua 12ª edição e um dos criadores do Clube Capixaba do Vinil. Produziu e apresentou, durante algum tempo, o Programa Toca-discos, na Rádio Universitária FM. Mantém a página Com a magrela na estrada, no site Estação Capixaba, onde relata, em crônicas, as suas viagens ciclísticas pelo Espírito Santo e pelo Brasil.
Ano: 2018
O livro 55 resulta de uma seleção de poemas de três títulos publicados pelo anteriormente pelo autor, trazendo o melhor de uma obra já consagrada. O trabalho de Gilson Soares contempla uma ampla gama de assuntos, sem ceder ao lirismo fácil ou ao sentimentalismo exagerado. Fala do cotidiano e de problemas existenciais. Fala de praias e de montanhas. Volta-se até para essa estranha vocação de escrever poesia. O leitor encontrará em 55 um alento para aliviar o cotidiano.
Leia maisAno: 2017
Em Poesia de bolso (Pequenos poemas pedestres), Gilson Soares revela um bolso cheio de significados para o mundo que desenha a partir de um olhar atento e conciso, ao mesmo tempo em que demonstra ter nas mãos uma pena afiada traçando vocábulos de inquietação. São poemas curtos e, de certa forma, telegráficos, considerando tanto a precisão do discurso quanto o ritmo do código Morse na sonoridade do telégrafo distribuída entre pontos e traços e, obviamente, de silêncios. Por outro lado, alguns dos poemas comunicam como sinais de fumaça em que o leitor recebe a mensagem que se dissipa de acordo com o olhar dissipado no vento. Ainda, há os poemas que, devido a brevidade e os enigmas, se aproximam do Haikai.
Num certo sentido, havemos de considerar o aspecto filosófico de sua poesia, levando em conta uma alusão ao “humano, demasiado humano” de Nietzsche e, inclusive, referenda a estética do aforismo, num dos poemas, intitulado “No rio de Heráclito”, onde flutuam seus versos. Aliás, podemos dizer que a poesia de Gilson Soares, mesmo que inconscientemente, traz uma espécie de devir, como propunha o pré-socrático Heráclito de Éfeso. Os poemas de Soares, da maneira como trata de temas distintos, mostram a mudança das coisas como uma alternância entre os contrários. Deus, lua, sol, cidade, dúvida, certeza e tantas outras coisas acontecem como partes de uma mesma realidade.
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